África do Sul - BAMBELELA

Hellloooo Africaaa!! Chegamos aqui e já estamos trabalhando há duas semanas em Masiphumelele, uma favela que fica a 30 min de distância do local onde estamos ficando. Desde o primeiro dia, assim que entramos na favela as crianças vem correndo em nossa direção, querendo ser levantadas, querem que a gente brinque com elas ou faça alguma coisa. Afinal, somos "estrangeiros", devemos estar lá pra isso! ;p A cultura aqui é belíssima, tão diferente de Londres! As pessoas são muito abertas, sorridentes, felizes, orientadas para pessoas, querem passar tempo com você, as crianças brincam pelas ruas,  algumas andam descalço sobre o lixo e cacos de vidro e parecem nem sentir, o senso de comunidade é muito grande, uma família cuida dos filhos, sobrinhos, netos, vizinhos, todos se chamam de irmão e irmã, geralmente são apenas amigos, ninguém nunca respeita o horário( são mais atrasildos que os brasileiros! ;p)  eles dizem que os estrangeiros tem os relógios mas eles são os donos do tempo!  E é verdade, eles sempre colocam pessoas e relacionamentos antes de tarefas, agendas… E eu acho isso fantástico, embora concorde que é terrível levar um bolo...

Estamos numa "guesthouse", uma espécie de pousada, muito bonita, com direito a tv e frigobar! Pois é! Por essa nem eu esperava! O dono nos deu um mega desconto, além disso alguma organização pagou pelo que faltava da nossa estadia aqui(Deus fazendo mais milagres! não temos idéia de que organização é essa! ;D) Sem dúvida ele nos abençoou com um local  confortável e aconchegante, onde podemos repor as energias depois de um dia cheio em MAsi. Atualmente trabalhamos diariamente em creches, brincamos com as crianças, fazemos show de bonecos, teatros, dançamos, trabalhamos a tarde em um projeto comunitário para crianças portadoras de HIV - jogamos bola e fazemos brincadeiras com elas, alguns de nós também ajudaram a limpar o lixo na frente de alguns barracos (tem lixo por toda parte, muito, muito lixo!), e a pintar novas casas que estam sendo construídas pela  para os moradores que perderam seus barracos no últmio incêndio (2 dias após o natal! =/ ) Também ajudamos a fazer bonecas artesanais chamadas "Justice Dolls", um projeto que contrata mulheres da comunidade Masi portadoras de HIV para confeccionar as bonecas cuja mensagem é de conscientização a respeito de causas socias e do combate ao tráfico humano. No site www.justiceacts.org você acha mais informações. ;)

No dia em que limpamos o lixo, foi muito interessante ver a resposta dos locais. As mulheres vizinhas pegaram os sacos de lixo pesados e colocaram no topo da cabeça, sem dizermos nada, elas começaram a levar o sacos de lixo até o local de despejo, as criancinhas começaram a nos ajudar e sentimos que parte de nossa tarefa estava cumprida. Nosso desejo era exatamente esse, fazê-los assumir responsabilidade pela comuniadade, foi muito bacana vê-los empenhados e trabalhando sem parar! Enquanto outros pintavam as novas casas, brincamos com as crianças que estavam por ali.  Cantamos todas as musiquinhas qe sabíamos em inglês, e até arriscamos uma africana : Jesu Bambelela, que aprendemos nos Havaí. Lógico que as crianças riram da gente quando cantamos essa útima e tentávamos imitar a dança deles… MAis tarde as mães vieram nos ensinar as danças e canções típicas, as brincadeiras na lígua deles- uma das 11 línguas faladas na nação ("Kosa"? não tenho idéia de como se escreve isso..=/).

Descobrimos que umas das casas pertence a uma mãe que está viajando e pensa que ao voltar encontrará seu barraco queimado, como os demais. Mal sabe ela que Dave contruiu uma casa novinha em folha, pintada e colorida, onde ela vai poder morar com a família! Como gostaríamos de saber o dia e a hora que ela vai voltar só para ver a reação dela! Me senti um pouco naqueles programas de "trasnformação ", mas sem o final tão esperado…;p

Num desses dias, estávamos andando pela vila e entramos numa casa que estava sendo construída por um morador. Ele gritou : o que vocês vieram fazer aqui? Vocês vieram ajudar? Nós dissemos, surpresos: sim. Confesso que a princípio pensei que ele iria tirar sarro da gente ou coisa assim, ele falava tão alto, com um cigarro na boca, olhando desconfiado. Ele disse, e o que é que vocês vão fazer para ajudar? o que fazem? Depois de alguns minutos de silêncio, nosso líder disse, num tom meio inseguro: Bom, estamos aqui mais pelas crianças, amamos elas, brincamos com elas e falamos para as pessoas de Jesus, porque acreditamos que Ele pode ajudá-las mais do que a gente pode. 

- Aaa, vocês oram pelas pessoas???

- Sim, dissemos(completamente surpresos, imaginando o que ele iria dizer agora…)

-Espera um pouco então . - Ele correu, tirou o boné, chamou seus filhos e disse: Orem, orem por mim então, vocês estão vendo minha situação, não tenho trabalho, tenho que sustentar essa família, tá muito difícil, etc… - Finalmente entendi que ele estava pedindo ajuda, nunca conheci alguém tao desesperado por ajuda a ponto de pedir oração para um bando de estranhos, antes de ele oferecerem). Oramos por ele, e eles nos desejou mais poder para continuar fazendo isso.. - Tchau 'pessoas boas'! - Foi o que ele disse no final… fui impactada por ver a necessidade nos olhos daquele homem, voltei pra casa com o coração partido, ao mesmo tempo certa de que Deus estava ali.

Outro dia marcante foi quando chegamos na vila e encontramos um homem que falava enrolado, cego de um olho. Ele estava carregando algumas bugigangas numa sacola, disse que estava indo verndê-las, que havia sido preso por 11 meses injustamente, por um roubo que não cometeu, que havia perdido tudo, seus 2 filhos, e que o governo e a lei eram injustas. Tentamos falar com ele sobre o quanto sentíamos muito, que havia um Deus que o amava e que ainda havia tempo [ara recomeçar. Embora ele concordasse, ele nao parava de repetir sua história, parecia muito frustado e amargurado, e preso no passado. Oferecemos orar por ele, Deus nos orientou a orar por libertação, para que ele fosse livre do passado e que conseguisse experimentar a vida que Deus tinha para ele.  Ele chorou, tirou o boné e segurou firme o braço do meu amigo.Quando terminamos de orar, ele parou de repetir a história, e disse que sua dor tinha ido embora! Que todos os dias eles acordava com essa dor, esses pensamentos o atormentavam, mas agora tinha ido embora! Vibramos de alegria, louvamos  a Deus e dissemos a Ele para continuar andando nessa nova liberdade que Deus lhe havia concedido.